domingo, 15 de julho de 2012

Meu encontro com a Ciência: percalços de uma mestranda em CI

Não fui uma criança que fez Ciência. No máximo alguns esbarrões insólitos durante a vida escolar, todos involuntários, ensejados pela minha própria curiosidade e, ao tentar relembrar meus encontros com o que é pesquisar, fazer descobertas ou vislumbrar entendimentos alternativos aos que me eram oferecidos pelos meus professores (Reuen Feuerstein lhes era alheio!) percebi que esse encontro não acontecerá nunca com a maioria dos estudantes. Ainda que o progresso econômico e tecnológico exijam mais preparo dos cidadãos de qualquer nação que enseje pleno desenvolvimento. 

Todavia, isso mudou uma vez que me tornei uma aluna de mestrado. Estava sob a maldição do publish or to perish. Dentre as percepções errôneas, reverberadas na minha mente pelo senso comum, figurava a noção de que pesquisa e consequentemente Ciência eram resultado apenas de um método aplicado. Simples assim.     
Não é simples assim. Antes de tudo, pensemos sobre o conceito de Ciência. Cervo (2007) afirma que na condição atual, é resultado de descobertas ocasionais, nas primeiras etapas, e de pesquisas cada vez mais metódicas, nas etapas posteriores. Tomanik (2004) envereda por uma acepção mais ampla do que seria ciência, o autor afirma que o objeto da ciência é o que ela se propõe a conhecer, enquanto que o método científico indica como ela se propõe a atingir seus objetivos. Entretanto, o entendimento da pesquisa cientifica abarca outros aspectos, ela é investigação com propósito, forma e método. O investigador deve conhecer o saber já consolidado dentro do seu campo de pesquisa, interpretar os dados que possui atentando para o contexto que a pesquisa se insere, manter o olhar crítico e estar sempre atento às ameaças que invalidem os possíveis resultados obtidos por meio do método científico aceito pela sua área e pelos seus pares.



Assim, método tem a ver com o contexto da sua pesquisa, o seu alcance e os seus objetivos. A pesquisa é uma linha interpretativa de um problema proposto dentro de uma área específica do conhecimento, o metódo valida os resultados obtidos em uma investigação.

O que fazer na era da ciência interdisciplinar? E, o que fazer quando a área em questão é a mais interdisciplinar de todas? Eis o gargalo da Ciência da Informação: ela é dado, comunicação, conhecimento, seu objeto de estudo é o mais imaterial e o mais presente objeto da ciência, a informação em si. Buckland (1991) apresenta informação como processo (o ato de informar), como conhecimento (a informação assimilada, compreendida) e como coisa (a informação registrada e, portanto, tangível).  Essa última definição desperta a noção da natureza dinâmica do meu objeto de estudo e , portanto, da importância da construção da pesquisa consciente, voltada para a ética e para a construção do conhecimento socialmente construído.




Referências:

BUCKLAND, Michael. Information as a thing. Disponível em: <http://people.ischool.berkeley.edu/~buckland/thing.html>. Acesso em: 15 jul. 2012.

CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro A; SILVA, Roberto da. Metodologia científica. 6 ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. ISBN 8576050471.

TOMANIK, Eduardo Augusto. O olhar no espelho: "conversas" sobre pesquisa em Ciências Sociais. 2 ed. rev. Maringá: Eduem, 2004. ISBN 8585545844





Nenhum comentário:

Postar um comentário